A minha sogra distribuiu a herança da minha falecida mãe às suas amigas — eu tive a certeza de que ela se arrependeria disso.

Quando vi uma desconhecida num café a usar o colar da minha falecida mãe, o meu mundo virou-se do avesso. A minha sogra intrusiva roubou-o, assim como outras relíquias de família, e distribuiu-as pelas suas amigas. Furiosa e com um sentimento de traição, peguei o que era meu e planeei uma lição que ela nunca esqueceria.

Sempre me orgulhei de ser alguém em quem se pode confiar. O meu marido, Michael, gosta de dizer que o meu coração é o meu músculo mais forte. É querido. Tolo, mas querido.

Construímos uma relação maravilhosa, baseada no respeito, na compreensão e no amor.

Por isso, quando a mãe dele, Lucille, ficou sem casa, não hesitei. Não era fácil viver com ela, mas não podia recusar. Família é família, certo?

— Tens a certeza? — perguntou Michael, hesitante. — Ela pode ser… demais.

— Tenho a certeza — respondi. — Mas ela tem de respeitar os limites. Viver connosco não significa que ela pode fazer o que quiser na nossa casa ou com as nossas coisas.

Michael acenou com a cabeça. — Concordo. Vou falar com ela.

No início, tudo estava bem. Ela era intrusiva, mas tolerável. Eu atribuí isso à adaptação.

Até o incidente com o colar.

O colar da minha mãe
Eu e a minha melhor amiga, Tara, marcámos um encontro num café na Maple, um lugar com mesas pegajosas e os melhores lattes da cidade.

Mal nos sentámos, quando vi um grupo de mulheres na mesa ao lado.

Uma delas usava o colar da minha mãe.

Fiquei sem fôlego. Reconheci-o instantaneamente: brilho dourado, filigrana ornamentada… Essa joia estava na nossa família há gerações.

Não era apenas valioso — era a própria mãe. A sua memória.

— O que aconteceu? — perguntou Tara.

— Aquela mulher tem o colar da minha mãe! Como… Volto já.

Aproximei-me dela, com o coração a bater loucamente.

— Desculpe?

A mulher levantou a cabeça. — Sim?

— O seu colar… De onde o tirou?

Ela tocou no pingente. — Oh, isto? Foi emprestado por uma amiga, Lucille. Disse que era uma velharia da nora dela. Assegurou-me que eu podia ficar com ele.

Lucille!

Meus ouvidos zumbiram.

— Sério? Porque Lucille é minha sogra. E esse colar é meu. É muito importante para mim, e eu nunca dei permissão para ela emprestá-lo a ninguém.

A mulher empalideceu e rapidamente desabotoou o fecho.

— Sinto muito! Eu não sabia…

— E as outras coisas também — acrescentei, olhando para a mesa delas.

As mulheres ficaram nervosas. Uma tirou o broche da minha mãe, a outra tirou o anel.

— Nós realmente não sabíamos… Lucille disse que não era importante…

— Ela mentiu — disse eu com severidade. — Devolvam-nas.

Elas devolveram as joias em silêncio, até que os meus bolsos ficaram cheios de memórias roubadas. Mas, em vez de alívio, eu só sentia raiva.

Lição para Lucille
Voltei para casa, com a raiva a ferver dentro de mim.

O quarto dela cheirava a colónia de lavanda barata e, na penteadeira, uma caixa aberta brilhava com joias.

E então percebi.

Se Lucille gosta tanto de distribuir coisas alheias, que experimente isso na própria pele.

Juntei as joias dela e escrevi às mesmas amigas:

— Querem ajudar a dar-lhe uma lição?

Karen, a mulher com o broche da minha mãe, riu-se:

— Oh, querida, estamos dentro.

Alguns dias depois, Lucille organizou um chá, e eu observei do corredor.

As amigas dela chegaram… mas todas estavam usando as joias dela.

Karen usava o seu famoso broche. Outra mulher usava um colar de ouro maciço, do qual Lucille sempre se gabava. A terceira usava os anéis que ela usava em todos os jantares de família.

Lucille serviu o chá, conversando sobre trivialidades… e então congelou.

O seu olhar fixou-se no broche de Karen. Depois, no colar. Depois, nos anéis. O seu rosto ficou vermelho.

— O que… O que está a acontecer?! — ela sussurrou.

Karen sorriu inocentemente:

— Há algum problema, Lucille? Você mesma distribui as coisas dos outros, por que isso a incomoda?

A chávena de Lucille tremeu nas suas mãos.

— É diferente! Essas joias são minhas!

E foi então que saí da sombra.

— Oh, acalme-se, Lucille — disse eu num tom frio. — Eu apenas fiz o mesmo que você.

Ela suspirou, empalideceu.

— Eu… Eu não queria…

— Não importa o que você queria — respondi secamente. — Você roubou de mim a memória da minha mãe. Você mentiu. E humilhou o legado dela.

— Por favor, não chame a polícia…

— Eu deveria — respondi friamente.

Naquela noite, Lucille arrumou as suas coisas e foi embora.

As suas amigas cortaram relações com ela até que ela pedisse desculpas a mim e a elas.

Naquela mesma noite, tranquei as joias da minha mãe no cofre.

Segurando o colar dela nas mãos, senti não apenas amargura, mas também força.

Lucille tentou tirar de mim a herança da minha mãe, mas não conseguiu.

Porque eu aprendi a lição mais importante: ser uma boa pessoa significa saber defender-se.