A minha melhor amiga casou-se com o meu ex-marido — e depois ligou-me a meio da noite, assustada.

Quando Stacy se casou com o ex-marido de Lily, Alan, isso pareceu uma traição absoluta. Mas um telefonema noturno, cheio de medo, revelou um segredo obscuro para o qual nenhuma das mulheres estava preparada, forçando Lily e Stacy a confrontar o homem que destruiu as suas vidas.

Alan e eu fomos casados por sete anos. Sete longos anos que me deram duas filhas lindas, Mia (5 anos) e Sophie (4 anos), e me deixaram com o coração partido, sem que eu suspeitasse.

No início, Alan era o meu ideal. Ele tinha um charme magnético que fazia as pessoas se inclinarem um pouco quando ele falava. Ele sabia como me fazer sentir que eu era a única mulher no mundo. Mas esse brilho não durou muito.

No quinto ano, comecei a notar fissuras. Alan começou a chegar tarde em casa, as suas desculpas eram tão fracas que era possível perceber a mentira. Viagens de trabalho que não faziam sentido. Mensagens que ele não queria que eu visse. E então, uma noite, recebi a confirmação que tanto temia. Um cabelo claro no casaco dele. Não era meu.

O meu coração gritava de raiva. Eu sabia que algo estava errado. Eu sabia que ele estava a destruir tudo o que construímos.

Eu confrontei-o. A reação dele? Uma negação fria, seguida de uma avalanche de manipulações. «Estás a inventar tudo, Lily. Pára de ser tão insegura», gritou ele uma vez.

Mas não era imaginação minha. Era real. Silenciosamente, prometi a mim mesma que não o deixaria fazer-me duvidar dos meus instintos.

A gota d’água foi quando o apanhei em flagrante. A imagem dele com ela — Kara, uma mulher que eu nem conhecia — ficou gravada na minha mente. Ele nem sequer pediu desculpa. Simplesmente arrumou as suas coisas e foi-se embora, como se nada tivesse acontecido.

E assim, Alan abandonou-me e às nossas filhas. Durante um ano e meio, tentei reconstruir a minha vida. Terapia, noites sem dormir, trabalho para sustentar as meninas e uma dor constante no peito que não passava.

Então veio a notícia que fez meu estômago revirar: Alan se casou com Stacy, minha melhor amiga.

No começo, eu não conseguia acreditar. Stacy era minha confidente durante meu casamento, a única pessoa a quem eu contava tudo. Ela sabia de tudo… como eu sentia que estava a perder o Alan, como temia que ele me traísse e como fiquei devastada quando ele finalmente se foi.

Uma dolorosa constatação me atingiu: «Como ela pôde fazer isso comigo?»

Quando a Stacy ligou e disse que estava noiva do Alan, fiquei paralisada. «Estás a brincar, certo?», perguntei, tentando manter a calma na voz.

«Não», disse ela. «O Alan ama-me, Lily. Espero… espero que ainda possamos ser amigas.»

Amigas? Ela está a falar a sério?

«Tu vais casar com o homem que me destruiu, Stacy. E achas que eu quero continuar a ser tua amiga? Boa sorte com isso.» Desliguei antes que ela pudesse responder.

Pensei que tudo acabaria ali. Queria que fosse o fim. Mas então, um ano após o casamento deles, o meu telefone tocou às três da manhã, arrastando-me novamente para o mundo de Alan.

Sonolenta e irritada, olhei para o telefone. O nome Stacy brilhava no ecrã. Não queria acreditar.

«Que descaramento, ligar-me a esta hora?», murmurei para mim mesma.

Pensei em ignorar a chamada. Por que ela, entre todas as pessoas, me ligava a meio da noite? Mas a curiosidade falou mais alto e, contra o bom senso, atendi.

«Estou?», disse eu, com a voz cheia de irritação.

O que ouvi a seguir fez-me sentar-me direita.

«Lily, preciso da tua ajuda!», a voz da Stacy estava em pânico e quase ininteligível. «Isto diz-te mais respeito do que pensas. Por favor… não desligues. Por favor.»

O meu coração batia aceleradamente de raiva e pressentimento. O que ela poderia querer de mim?

«Stacey?» — esfreguei os olhos, tentando me livrar da sonolência. «O que está a acontecer? Escuta, eu não tenho nada para…»

«Alan… ele não é quem eu pensava que fosse. Ele é pior, Lily. Muito pior», ela interrompeu-me.

Senti um arrepio percorrer a minha espinha. O que poderia ser pior do que aquilo que eu já sabia?

«Pior? Do que estás a falar?», perguntei.

Ela respirou fundo, tentando se controlar. «Ele tem um armário no escritório. Ele sempre me disse para não entrar lá, mas ontem eu entrei. Lily, tudo lá dentro está coberto de fotografias. Mulheres. Dezenas de mulheres. Eu. Tu. Ela. E outras que eu nem reconheço.»

Uma fria consciência invadiu os meus pensamentos. Isto agora vai ser muito desagradável.

Apertei o telemóvel, o estômago revirou-se. «Fotografias? Que fotografias?»

A minha mente disparou, imaginando as terríveis consequências possíveis. O que poderia haver nessas fotos? Por que não as encontrei antes? Seria essa a razão pela qual ele me proibia de entrar no seu escritório quando éramos casados?

«Todas as fotos têm datas e números escritos», ela sussurrou. «Acho… acho que ele está a trair-me. A nós as duas. A todas.»

A minha garganta secou. Mas eu não me importava. «Stacy, porque estás a contar-me isto? Tu casaste com ele. Sabias do que ele era capaz.»

A voz dela tremeu. «Porque não acreditei em ti! Achei que estivesses apenas zangada. Mas agora estou com medo, Lily. Não sei o que ele fará se descobrir que eu vi isso. Por favor, posso ir para tua casa? Não me sinto segura.»

A Stacy chegou à minha casa menos de uma hora depois, com o rosto pálido e exausto. Ela segurava o telemóvel como se fosse uma tábua de salvação.

“Fala”, disse eu, cruzando os braços. Os meus olhos olhavam para ela com exigência.

Ela sentou-se no meu sofá, torcendo as mãos. “Voltei ao escritório dele ontem à noite. Depois que ele saiu para uma pescaria de dois dias, consegui arrombar o armário. Ele sempre o trancava. Mas consegui abri-lo com uma chave de fendas. Não eram apenas fotografias, Lily. Havia revistas. Notas sobre mulheres. Avaliações. Pontuações. Ele faz isso há muitos anos.»

Um sentimento distorcido de validação surgiu dentro de mim. «Sempre soube que ele era pior do que parecia», ri.

“Quantas mulheres?”, o meu coração bateu mais rápido, temendo a resposta.

“Pelo menos 40 durante o seu casamento”, disse ela, com os olhos cheios de lágrimas. “E oito mulheres desde que nos casámos. Oito mulheres em dois meses.”

O peso da traição caiu sobre mim, ameaçando sufocar-me. Foi como um soco no estômago. Eu pensava que já tinha superado tudo, mas a traição parecia tão recente e crua.

«Por que está a envolver-me nisto?», perguntei, com a voz trémula.

«Porque ele é o pai das tuas filhas», disse Stacy. «Não queres saber quem ele realmente é? Do que ele é capaz? Não queres expô-lo?»

As suas palavras atingiram-me no coração. Por mais que odiasse o Alan, precisava de proteger as minhas meninas. «Está bem», disse eu, pegando no portátil. «Mostra-me o que tens.»

Nas horas seguintes, Stacy e eu trabalhámos juntas, identificando as mulheres nas fotos de Alan. A pesquisa de imagens na Internet levou-nos às redes sociais delas. Quando entramos em contacto com algumas delas e nos encontramos no dia seguinte, a maioria confirmou ter tido relações curtas e sem sentido com Alan.

A minha mente oscilava entre o horror e a vingança. Como é possível ser tão calculista?

Uma mulher descreveu-o como «encantador, até deixar de o ser». Outra chamou-o de «frio e calculista». Cada história acrescentava uma nova camada ao monstro a quem eu outrora chamava de meu marido.

Um riso amargo escapou de mim. «Eu devia ter percebido. Sempre soube que algo estava errado», disse a Stacy.

Ao fim da tarde, ela olhou para mim, com o rosto pálido. «O que vamos fazer agora?»

«Não somos mais vítimas. Sobrevivemos», declarei. «Vamos lutar.»

Um brilho perigoso apareceu nos meus olhos. «O Alan não sabe o que o espera», acrescentei.

Quando ele voltou da pesca e descobriu que a Stacy não estava lá, a sua fúria explodiu. Ele tentou ir à casa dela, batendo à porta, exigindo explicações. Ela chamou a polícia e ele foi embora antes que eles chegassem.

As semanas seguintes foram uma loucura. A Stacy pediu o divórcio, cortando todos os laços com o Alan. Eu reabri o processo de custódia, munida de provas do comportamento dele.

Alan não aceitou isso bem. Ele enviou-me várias mensagens: primeiro implorando, depois ameaçando. Eu bloqueei-o.

No tribunal, as provas que apresentámos foram convincentes. O charme de Alan não o salvou desta vez. Fotografias, revistas, testemunhos… tudo isso pintou um quadro claro de quem ele realmente era.

Depois que a poeira baixou, Stacy e eu sentamos na minha sala, com um suspiro de alívio entre nós.

«Conseguimos!», disse eu, sentindo um peso a sair dos meus ombros.

«Obrigada», disse a Stacy suavemente. «Por me teres ajudado. Por teres acreditado em mim.»

A minha raiva suavizou-se, dando lugar a uma compreensão inesperada. Ambas fomos vítimas das suas manipulações. Mas não fomos fracas.

Olhei para ela, e a raiva que carregava há tanto tempo finalmente desapareceu. «Ambas merecíamos melhor do que ele.»

Um momento de dor e cura partilhadas passou entre nós.

Ela acenou com a cabeça. «E agora?»

O meu espírito estava renovado, pronto para o que viria a seguir. Respirei fundo e expirei lentamente. «Agora seguimos em frente. Juntas.»

Um forte sentimento de irmandade surgiu, mais forte do que qualquer traição. E, pela primeira vez em muitos anos, senti-me livre. Não apenas de Alan, mas também da dor que ele me causou.