Minha sogra insistiu em me ajudar com o parto em casa, mas havia algo terrivelmente errado, pois ela saía do quarto o tempo todo. Assim que ela saiu de novo, ouvi vozes inquietantes atrás da porta. Quando vi o que era, fiquei paralisada.
Quando eu disse ao Josh que queria ter o bebê em casa, os olhos dele brilharam como os de uma criança na manhã de Natal. Mas isso não se comparava à reação que tivemos da mãe dele, Elizabeth. Você pensaria que tínhamos acabado de entregar a ela as chaves de um carro novo.

“Oh, Nancy! Isso é uma notícia maravilhosa!” exclamou Elizabeth, cerrando as mãos em punhos de alegria. “Eu simplesmente preciso estar por perto para apoiar vocês dois. Posso ajudar em tudo que vocês precisarem!”
Troquei um olhar com Josh, levantando as sobrancelhas. O encolher de ombros dele deixou claro que ele estava deixando a decisão por minha conta.
“Eu não sei, Elizabeth,” disse eu, com hesitação na voz. “Vai ser algo bem intenso.”
Ela dispensou minhas preocupações com um gesto. “Bobagem! Eu mesma passei por isso, querida. Sei exatamente do que você vai precisar.”

Mordi o lábio, pensando bem. Talvez um par de mãos extra não fosse tão ruim assim, certo? E isso significaria muito para o Josh se eu convidasse a mãe dele para me ajudar no parto em casa.
“Tudo bem”, concordei finalmente. “Você pode estar lá.”
O gritinho de empolgação da Elizabeth foi tão alto que, juro, ela poderia ter assustado os cães dos vizinhos.
“Você não vai se arrepender disso, Nancy”, disse ela, me abraçando com força. “Prometo que serei o melhor apoio que você poderia pedir.”

Finalmente, chegou o grande dia. Nossa parteira, Rosie, estava preparando os equipamentos quando Elizabeth entrou pela porta com bolsas nas mãos.
“Estou aqui!” anunciou ela, como se houvesse alguma chance de não percebermos sua chegada. “Onde vocês precisam de mim?”
Eu estava prestes a responder quando uma contração tirou meu fôlego. Josh apareceu ao meu lado imediatamente, sua mão pousando na minha lombar enquanto meu corpo se contraía e eu gemia.
“Apenas… apenas coloque suas coisas ali por enquanto”, consegui dizer.

Quando as contrações diminuíram, percebi que Elizabeth mexia em alguma coisa, seu olhar correndo pela sala. Agora ela parecia mais nervosa do que animada. E eu percebi que havia algo seriamente errado.
“Você está bem?” perguntei, franzindo a testa.
Ela se virou assustada. “O quê? Ah, sim! Só estou pensando em como posso ajudar. Você está indo muito bem, querida. Apenas continue.”
Eu mal terminei de falar quando ela já havia saído pela porta, murmurando algo sobre precisar trazer água para mim.

Josh apertou minha mão. “Quer que eu fale com ela?”
Balancei a cabeça. “Não, tudo bem. Ela provavelmente só está nervosa. É nosso primeiro filho, certo?”
À medida que o parto avançava, o comportamento de Elizabeth ficava cada vez mais estranho. Ela entrava, perguntava como eu estava e desaparecia de novo. Cada vez que voltava, parecia ainda mais agitada.
Durante uma contração particularmente forte, apertei a mão do Josh tão intensamente que achei que fosse quebrá-la. Quando a dor finalmente passou, ouvi um som estranho.

“Josh,” ofeguei, “você está ouvindo isso?”
Ele inclinou a cabeça, tentando escutar. “Parece… vozes?”
Assenti, aliviada por não ter imaginado. “E é música?”
Josh franziu a testa. Ele beijou minha testa e se virou. “Vou verificar. Já volto.”
Quando ele saiu, Rosie me lançou um sorriso encorajador. “Você está indo muito bem, Nancy. Falta pouco agora.”

Quando Josh voltou, seu rosto estava pálido como cinzas, como se tivesse visto um fantasma.
“O que foi?” perguntei, temendo a resposta.
Ele passou a mão pelos cabelos, parecendo aflito. “Você não vai acreditar. Minha mãe está dando uma festa. Na nossa sala.”
Fiquei olhando para ele, certa de que tinha ouvido errado. “O quê?”
“Uma festa,” repetiu ele, a decepção evidente em sua voz. “Tem pelo menos uma dúzia de pessoas lá.”

A dor das contrações não era nada comparada à fúria que tomou conta de mim. Eu me forcei a ficar de pé, ignorando os protestos da parteira.
“Nancy, você não deveria…”
“Eu preciso ver isso com meus próprios olhos,” rosnhei.
Josh me apoiou e fomos em direção à sala de estar. A cena que nos recebeu era surreal. Pessoas conversavam entre si, segurando bebidas, como se fosse apenas um churrasco comum de domingo.
Na parede havia um pôster que dizia: “BEM-VINDO, BEBÊ!”.

Elizabeth estava no centro de tudo, de mãos dadas com um grupo de mulheres que eu nunca tinha visto antes. Ela nem percebeu nossa presença.
“O que diabos está acontecendo aqui?” rosnei, minha voz cortando a conversa como uma lâmina.
O silêncio caiu sobre a sala, e todos os olhares se voltaram para nós. Elizabeth se virou, seu rosto empalidecendo ao me ver.
“Nancy! Meu Deus! O que você está fazendo aqui? Você deveria…”

“Elizabeth, o que está acontecendo aqui?”
“Oh, eu… nós só…”
“O quê? Transformando o meu parto em casa em um espetáculo?”
Elizabeth ainda teve a audácia de parecer ofendida. “Nancy, não seja dramática. Nós só estamos comemorando!”
“Comemorando? Eu estou em trabalho de parto, Elizabeth! Isso não é um maldito evento social!”

Ela fez um gesto displicente com a mão. “Ah, vocês nem vão notar que estamos aqui! Pensei que vocês iam apreciar o nosso apoio.”
Senti outra contração crescer, e cerrei os dentes de dor e raiva. “Apoio? Isso não é apoio. É um circo!”
Josh deu um passo à frente, a voz baixa e perigosa. “Todo mundo precisa sair. Agora.”
Enquanto as pessoas juntavam suas coisas, Elizabeth tentou uma última vez. “Nancy, você está reagindo de forma exagerada. Isso é um momento de alegria!”

Eu me voltei contra ela, minhas palavras afiadas e frias. “Este é o meu parto em casa. Este é o meu momento. Se você não pode respeitar isso, pode ir embora.”
Sem esperar resposta, virei-me e fui mancando de volta para o quarto para terminar o que havia começado, deixando Josh lidar com as consequências.
Horas depois, quando eu segurava meu recém-nascido nos braços, todo aquele drama parecia um pesadelo distante. Josh estava sentado ao nosso lado, os olhos cheios de maravilha enquanto acariciava a bochecha do nosso bebê.
“Ele é perfeito!” sussurrou ele.

Assenti, emocionada demais para falar. Ficamos sentados em um silêncio acolhedor até que uma batida suave na porta quebrou o encantamento.
Elizabeth espiou para dentro do quarto, os olhos vermelhos. “Posso… posso entrar?”
Senti minha mandíbula se contrair. “Não!”
O rosto de Elizabeth se contorceu. “Por favor, Nancy. Sinto muito. Eu só quero ver o bebê.”
Olhei para Josh, dividida. Ele apertou minha mão delicadamente, seus olhos compreensivos, mas também suplicantes.
“Tudo bem. Cinco minutos.”

Elizabeth entrou devagar, como se temesse que eu mudasse de ideia. Seu rosto estava pálido e abatido quando ela se aproximou da cama.
“Nancy, eu sinto muito. Eu não sei no que estava pensando. Eu só fiquei tão animada e me deixei levar.”
Eu não respondi; apenas a encarei em silêncio. Josh pigarreou. “Você quer ver seu neto, mãe?”

Elizabeth assentiu, lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto Josh colocava nosso filho cuidadosamente em seus braços. Quando ela o segurou, seu comportamento mudou. O turbilhão de planos de festa desapareceu, dando lugar a uma avó terna e reverente.
Após alguns minutos, eu falei: “Está na hora de alimentá-lo.”
Elizabeth concordou, devolvendo o bebê a mim com relutância. Ela hesitou por um instante na porta. “Obrigada por me deixarem vê-lo”, disse baixinho, antes de sair.

Assim que a porta se fechou atrás dela, Josh se virou para mim. “Você está bem?”
Balancei a cabeça. “Não. O que ela fez… eu não posso simplesmente perdoar e esquecer, Josh.”
Ele assentiu e me puxou para mais perto. “Eu entendo. Vamos resolver isso juntos.”
Nas semanas seguintes, fiquei pensando em como seguir em frente. Parte de mim queria excluir Elizabeth da primeira comemoração do nosso filho como uma pequena vingança pelo que ela fez durante o parto em casa.

Eu ainda estava magoada e com raiva, e era difícil até mesmo considerar convidá-la.
Mas, observando como ela cuidava do nosso bebê durante suas visitas — sempre respeitando nosso espaço e nossa rotina — percebi que havia uma maneira melhor de lidar com tudo isso.
Quando chegou a hora de organizar a primeira festinha do bebê, peguei o telefone e liguei para ela.
“Elizabeth? Aqui é a Nancy. Eu estava esperando que você pudesse ajudar com os preparativos para a festa do bebê no próximo fim de semana.”

O silêncio do outro lado da linha foi ensurdecedor. Finalmente, ela falou: “Vocês precisam da minha ajuda? Depois do que eu fiz?”
“Sim. Porque é assim que a família age. A gente perdoa, aprende e segue em frente juntos.”
Ouvi as lágrimas na voz dela quando respondeu: “Ah, Nancy. Obrigada. Eu prometo que não vou decepcionar vocês.”

Fiel à sua palavra, Elizabeth foi um exemplo de discrição e apoio durante a festa. Ela ajudava silenciosamente em segundo plano, irradiando orgulho enquanto apresentávamos nosso filho aos amigos e familiares.
Quando o último convidado foi embora, ela se aproximou de mim, os olhos brilhando. “Obrigada por me deixar fazer parte disso, Nancy. Agora eu entendo que é assim que vocês celebram. Com amor e respeito.”
Sorri, sentindo as barreiras entre nós finalmente caírem. “Exatamente, Elizabeth. Seja bem-vinda à nossa família!”

