Bob e Carol, Ted e Alice: Todos os segredos e grandes erros

Quando o filme «Bob e Carol, Ted e Alice» chegou aos cinemas, ele causou furor e fez com que todos falassem sobre a visão ousada das relações.

Enquanto o filme chocava os espectadores, poucos notaram um detalhe oculto sobre Natalie Wood — uma escolha sutil destinada a proteger um segredo pessoal.

Quando o filme «Bob e Carol, Ted e Alice» chegou aos cinemas em 1969, foi nada menos que uma inovação. O filme mergulhou de cabeça em temas tabus, como relacionamentos abertos e casamentos modernos, oferecendo uma visão ousada e satírica das normas sociais em mudança no final dos anos 60. Não era apenas um filme — era um momento cultural que refletia o espírito de uma época que questionava tudo, desde o amor até a fidelidade.

Na base do sucesso do filme estava um elenco incrível, incluindo Natalie Wood. Já uma ícone de Hollywood, Natalie trouxe para o papel de Carol a sua graciosidade e profundidade emocional características. A sua atuação foi a base do filme, conferindo autenticidade e verossimilhança à complexa dinâmica.

Mas o sucesso do filme não teria sido possível sem os pontos fortes dos três colegas de Natalie. Robert Calp, Elliott Gould e Dianna Cannon (Bob, Ted e Alice, respetivamente) conferiram profundidade, humor e coração ao filme, elevando-o ao estatuto de cult.

Olhando para os bastidores, é difícil não ficar impressionado, chocado e um pouco surpreendido com a forma como este filme «obsceno» passou do guião no papel a quatro nomeações para os Óscares.

Jacuzzi com pessoas nuas
O filme «Bob e Carol, Ted e Alice» (ou BCTA, como o chamaremos daqui em diante) é verdadeiramente um dos filmes mais notáveis do realizador Paul Mazursky e um dos marcos fundamentais da era do Novo Hollywood. O Novo Hollywood, também conhecido como «nova vaga americana», foi um período que mudou o cinema no final dos anos 1960 e 1970.

Ele mudou o foco do sistema tradicional de estúdios para uma abordagem mais voltada para o realizador, dando aos cineastas a liberdade de explorar temas mais complexos e controversos.

A ideia do filme «Bob e Carol, Ted e Alice» surgiu a Paul Mazursky quando ele leu na revista Time um artigo sobre Fritz Perls, um «terapeuta da Gestalt» que, ao que tudo indica, se divertia loucamente em uma banheira de hidromassagem com pessoas nuas no Instituto Esalen, em Big Sur, Califórnia.

Fundado em 1962, o Esalen era um ponto importante da terapia da Nova Era — definitivamente não era um spa comum! Intrigados, Mazursky e a sua esposa decidiram experimentá-lo, sendo o único casal num grupo de estranhos que realmente se conheciam. Após várias experiências divertidas em Esalen, bem como uma pequena colaboração com o amigo Larry Tucker em Palm Springs, Mazursky escreveu a versão final do guião, que se tornou um filme hilariante e inovador.

De novato assustado a realizador confiante
No primeiro dia de filmagens do filme «Bob e Carol, Ted e Alice», tudo rapidamente se transformou num pesadelo para Paul Mazursky. Segundo ele, ao entrar no set, viu 75 membros impacientes da equipa de filmagem a olhar para ele, à espera que desse a primeira ordem e começasse a filmar. Mazursky, que estava a realizar o seu primeiro filme, congelou. Não fazia ideia do que fazer.

«Perdi tudo», confessou Mazursky.

Felizmente, Charles Lang, o diretor de fotografia, percebeu o pânico. Numa jogada ousada, Lang sugeriu, em voz alta o suficiente para que todos ouvissem, que ele e Mazursky, paralisado, levantassem as gruas de filmagem no ar para pensar na cena inicial.

Paul, que tinha pavor de altura, concordou com relutância — ele nunca tinha estado numa grua assim antes. Ele foi preso com o cinto de segurança e eles subiram. Paul, agarrado ao assento, não conseguia olhar para baixo. Ele estava com medo.

Então, Charlie inclinou-se para ele e disse: «Não há nenhuma hipótese, mas temos de discutir o que podemos fazer. Pode começar por isto, fazer aquilo e assim por diante.»

Após três minutos de instruções tranquilas de Charlie, Paul conseguiu relaxar e recuperou a confiança. Ele gritou para a equipa: «Ok, baixem-nos, estamos prontos para começar!»

E foi assim que Mazursky, falecido em 2014, passou de um novato assustado a um realizador confiante.

«Desde então, eu era um pequeno bastardo confiante», brincou ele mais tarde.

O primeiro filme de Natalie Wood em três anos
Não podemos falar sobre o filme «Bob e Carol, Ted e Alice» sem mencionar Natalie Wood. Ela estava simplesmente deslumbrante neste filme, e a sua aparição continua a ser um dos momentos mais marcantes do cinema. Na verdade, este foi o seu primeiro filme em três anos e poderia ter marcado o seu regresso — mas ela não aproveitou a oportunidade.

O filme BCTA, rodado no outono de 1968, foi o último trabalho de Wood como atriz durante quase cinco anos. Depois disso, ela fez uma pausa nas filmagens e não voltou a aparecer em nenhum filme até «Pepper» (1975), ou seja, com uma pausa de seis anos.

A pulseira no pulso esquerdo de Natalie
Observe a pulseira no pulso esquerdo de Natalie. Quando era criança atriz, ela sofreu uma lesão no pulso que nunca cicatrizou completamente, deixando-o ligeiramente deformado.

Isso aconteceu quando Natalie tinha 10 anos, durante as filmagens do filme «A Promessa Verde». Quando ela corria pela ponte, esta ruiu sob os seus pés e ela caiu, partindo o pulso esquerdo. O seu padrasto ajudou a esconder o incidente, mas Natalie, profundamente envergonhada com a deformidade, tomou o assunto nas suas próprias mãos.

Para esconder a deficiência, Natalie sempre usava uma pulseira, e ela nunca saía de vista. Na verdade, raramente se encontra uma foto dela sem ela.

Consegue identificar Leif Garrett?
Sabia que a estreia de Leif Garrett no cinema foi no filme «Bob e Carol, Ted e Alice»?

Sim, o futuro ídolo adolescente apareceu pela primeira vez no grande ecrã neste filme de 1969, muito antes de se tornar uma estrela pop famosa e um conquistador nos anos 70.

Leif tinha 5 anos quando apareceu pela primeira vez no filme, que, aliás, foi o quinto filme mais rentável do ano.

Uma participação especial que pode passar despercebida se piscar os olhos.
O filme «Bob e Carol, Ted e Alice» está repleto de participações especiais inesperadas. Em primeiro lugar, Bill Cosby aparece muito rapidamente no filme — se piscar os olhos, vai perdê-lo.

Veja como identificá-lo: Bill Cosby está vestido com um chapéu, camisa vermelha e óculos escuros. Ele aparece rapidamente, esbarrando em Bob em uma cena em uma boate, quando Bob e os outros se dirigem para a sua mesa.

Se você prestar atenção, verá Donald F. Muhic, que interpreta o psicoterapeuta de Alice. O mais interessante é que ele era realmente o terapeuta de Paul Mazursky na vida real — o que dizer da vida imitando a arte…

E não se esqueça do rapaz que grita ao fundo no Instituto Esalen — é o próprio Paul Mazursky.

O guarda-roupa de Natalie
O senso de moda de Natalie Wood sempre foi excelente. Seja em um concerto, uma noite de caridade ou uma estreia, com um visual glamoroso ou casual, Natalie Wood era a personificação da beleza.

Ela combinava com facilidade o estrelato com o charme simples, e isso ficou especialmente evidente nos filmes «Bob e Carol» e «Ted e Alice». O seu guarda-roupa, criado pelo lendário Moss Mabry, tornou-se um símbolo da moda daquela época.

De looks boémios descontraídos a vestidos elegantes em cenas mais sofisticadas, o guarda-roupa de Natalie no filme refletia a sua capacidade de ser ao mesmo tempo icónica e acessível.

Mabry chegou a criar um sutiã especial, desenhado exclusivamente para Natalie Wood, que ficou conhecido como o «sutiã Natalie Wood». No entanto, ele manteve o segredo do seu design em sigilo absoluto.

O regresso triunfal de Diane Cannon
Natalie Wood não foi a única atriz a fazer um regresso dramático no filme «Bob e Carol, Ted e Alice». A sua colega de elenco, Diane Cannon, também regressou ao grande ecrã após um período turbulento na sua vida pessoal. Diane passou por uma tempestade na imprensa durante o seu amargo divórcio de Cary Grant, que foi acompanhado por acusações de comportamento inadequado sob a influência de LSD. Ela lutou pela guarda total da filha, mas, como resultado do processo judicial, ficou sem meios de subsistência.

Após essa dor emocional, Diane estava determinada a reviver a sua carreira, e «Bob e Carol e Ted e Alice» proporcionou-lhe exatamente a oportunidade de que ela precisava. O papel de Alice Henderson foi um ponto de viragem na sua vida, e ela aceitou-o com uma nova determinação.

«Durante oito meses, não consegui fazer nada. Estava demasiado atordoada, confusa e perturbada com o que tinha acontecido. Mas, um dia, algo dentro de mim mudou. Percebi que não conseguiria nada ficando sentada e lamentando-me, era hora de sair e fazer algo», disse ela à AP em 1968.

Erros contínuos: encontre os erros em BCTA
Nenhum filme está isento de erros, e em «Bob e Carol, Ted e Alice» há muitos! Numa das cenas, Alice e Ted mergulham nos sobremesas num restaurante, mas já no quadro seguinte essas mesmas sobremesas são servidas a eles. Mais tarde, após a festa, Bob coloca um disco, mas quando a música continua ao fundo, o toca-discos aparece claramente sem o disco nele.

E em outro momento, quando Carol confessa a traição, Bob se dirige para a escada com um casaco. Mas no quadro seguinte, o casaco já foi tirado — e Carol o segura nas mãos. Esses pequenos erros podem não estragar a diversão, mas definitivamente adicionam um charme inesperado ao filme.

Jogou os atores na cama
Um facto engraçado sobre a cena icónica de «Bob e Carol, Ted e Alice», em que Mazursky joga os atores na cama, é que ela praticamente não estava no roteiro.

O realizador queria capturar uma atuação crua e natural, então ele intencionalmente deixou os atores improvisarem. Na verdade, apenas Robert Calp, que interpreta Bob, se sentia confortável na situação caótica, enquanto os outros atores, incluindo Natalie Wood e Elliot Gould, não sabiam o que fazer no início. Na opinião dos críticos, essa improvisação adicionou autenticidade ao filme.

O legado
O filme «Bob e Carol, Ted e Alice» pode ter sido um ponto de viragem para muitas estrelas, mas para Natalie Wood marcou o início de um capítulo agridoce. Após o sucesso do filme, ela afastou-se dos holofotes, fazendo uma pausa na carreira de atriz.

Infelizmente, este filme foi o seu último grande filme antes da sua morte prematura em 1981. Enquanto o filme refletia a atmosfera libertária e sem limites da década de 1960, a vida pessoal de Wood continuava a ser muito mais complexa, marcada por acontecimentos trágicos que terminaram demasiado cedo.

No entanto, o seu papel no filme Bob e Carol, Ted e Alice continua a ser um testemunho do seu incrível talento e beleza intemporal, gravado para sempre na história do cinema. Partilhe este artigo no Facebook para homenagear o seu legado!